quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

34 Melhores Discos de 2011



1. Atlas Sound – Parallax (2011)
2. Kurt Vile – Smoke Ring For My Halo (2011)
3. James Blake - James Blake (2011)
4. Cass McCombs – Wit’s End (2011)
5. The New Division - Shadows (2011)
6. Destroyer – Kaputt (2011)
7. Dirty Beaches – Badlands (2011)
8. The Horrors – Skying (2011)
9. John Maus – We Must Become the Pitiless Censors of Ourselves (2011)
10. Real Estate – Days (2011)
11. Fleet Foxes – Helplessness Blues (2011)
12. Bon Iver – Bon Iver (2011)
13. The Pains Of Being Pure At Heart – Belong (2011)
14. Crystal Stilts – In Love With Oblivion (2011)
15. Girls – FSHG (2011)
16. Panda Bear – Tomboy (2011)
17. The Decemberists – The King Is Dead (2011)
18. The Vaccines – What Did You Expect From The Vaccines (2011)
19. The Strokes – Angles (2011)
20. Beach Fossils – What A Pleasure EP (2011)
21. The Cave Singers – No Witch (2011)
22. Minks - By The Hedge (2011)
23. About Group - Start And Complete (2011)
24. Thurston Moore – Demolished Thoughts (2011)
25. Youth Lagoon - The Year Of Hibernation (2011)
26. Bill Callahan – Apocalypse (2011)
27. Roddy Woomble - The Impossible Song And Other Songs (2011)
28. Geoffrey O'Connor - Vanity Is Forever (2011)
29. Kasabian - Velociraptor! (2011)
30. Matthew Barber - Matthew Barber (2011)
31. Portugal. The Man - In The Mountain In The Cloud  (2011)
32. Veronica Falls - Veronica Falls (2011)
33. Yuck – Yuck (2011)
34. The View – Bread And Circuses (2011)

As Melhores Músicas para Lembrar 2011


The Kooks - Taking Pictures of You
Ryan Adams – Empty Room
Ryan Adams – Nutshell
Ryan Adams – Come Home
Ryan Adams - Lucky Now
Minks – Araby
Minks - Little Fawn
James Blake – Fall Creek Boys Choir (With Bom Iver)
Dirty Beaches - Lone Runner
Cass McCombs - Love Thine Enemy
Cass McCombs - The Same Thing
Does It Offend You Yeah - Broken Arms
Does It Offend You Yeah - Pull Out My Insides
Dolorean – Thinskinned
Dolorean - Country Clutter
Dolorean - The Unfazed
Dolorean - How Is It
Glasvegas - Lots Sometimes
Gorillaz - Revolving Doors
Gorillaz – Amarillo
My Morning Jacket - Wonderful (The Way I Feel)
Noah And The Whale – Wild Thing
Noah And The Whale – The Line
Peter Bjorn and John - (Don't Let Them) Cool Off
R.E.M - ÜBerlin
Radiohead - Lotus Flower
Radiohead - Give Up The Ghost
Red This Ever - Total Control
Sleeping At Last - January White
Smith Westerns - All Die Young
The Crookes - Somewhere Over the Bus Stop
The Exploding Boy – Human
The Exploding Boy - Here Comes The Rain
The Twilight Singers - On The Corner
Washed Out - A Dedication
White Lies – Strangers
White Lies - Bigger Than Us
White Lies - The Power & The Glory
White Lies – Streetlights
White Lies - Bad Love
Kurt Vile - The Creature









segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

As Melhores Músicas de 2010



Os melhores achados de 2010!


The Tallest Man On Earth - The Dreamer
Girls - Carolina
Arcade Fire - Ready To Start
Band of Horses - Compliments
Beach Fossils - Sometimes
Blitzen Trapper - Heaven and Earth
Born Ruffians - What to Say
Crystal Castles - Baptism
Deer Tick - Christ Jesus
Eels - In My Younger Days
Electric President - Safe and Sound
 Foals - Miami
Fyfe Dangerfield - Barricades
Gorillaz - On Melancholy Hill
 Health - USA Boys
Holly Miranda - Ex-Factor
Hot Chip - Brothers
Hurts - Better Than Love
Interpol - Barricade
Jack Johnson - You and Your Heart
Jakob Dylan - Nothing But the Whole Wide World
Japandroids - Younger Us
Joe Pug - Messenger
Keane - Clear Skies
Kings Of Leon - The Face
Klaxons - Twin Flames
 M.I.A - XXXO
Mark Erelli - Basement Days
MGMT - Congratulations
Midlake - Acts of Man
Monarchy - Call
Motorama - Northern Seaside
 Mystery Jets - Serotonin
Neon Indian - Sleep Paralysist
Ou Est Le Swimming Pool - Dance The Way I Feel
Patrick Park - The Lucky Ones
Robyn - Dancing On My Own
Simon Lynge - The Future
Spoon - Is Love Forever
Surfer Blood - Swim
The Apples In Stereo - Dance Floor
The Courteeners - You Overdid It Doll
The Drums - Best Friend
The Fresh & Onlys - Waterfall
The Magnetic Fields - You Must Be Out Of Your Mind
The Mary Onettes - The Night Before the Funeral
The National - Anyone's Ghost
The Pains Of Being Pure At Heart - Say No To Love
 The Radio Dept - Heaven’s On Fire
The Twilight Sad - The Wrong Car
These New Puritans - Attack Music
Tokyo Police Club - Breakneck Speed
Twin Shadow - Tyrant Destroyed
 Two Door Cinema Club - I Can Talk
Vampire Weekend - Cousins
Wild Palms - Deep Dive
Wolf Parade - Ghost Pressure
Zola Jesus - Sea Talk

terça-feira, 30 de novembro de 2010

My Chemical Romance - Danger Days: The True Lives Of The Fabulous Killjoys (2010)



Energético, sujo, icônico, cativante... Existem muitos adjetivos para coroar o som dessa banda de rock alternativo não emo, apenas rock oriunda de New Jersey, EUA. O My Chemical Romance, ou MCR para os íntimos, iniciou suas atividades após os atentados do fatídico 11 de setembro, quando Gerard Way, frontman da banda, decidiu escrever uma canção sobre os atos terroristas. A música em questão, "Skylines And Turnstiles", se juntou a outras tantas canções, assim como se juntaram à banda Mikey WayRay Toro e Frank Iero - compondo assim o primeiro registro do grupo, I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love.

A partir daí, tours e mais tours mostraram ao mundo a obscura, eletrizante e cantarolável massa sonora destilada por Gerard e seus amigos. As apresentações não ficam para trás; a energia vibrante é a fusão da banda e da plateia, que não desafina e sabe de cor cada letra e ritmo. Logo depois do álbum Bullets (abreviação do trabalho já citado acima), um disco com ainda mais identidade surgiria para consolidar de uma vez por todas a presença da banda nos EUA e no mundo. Three Cheers for Sweet Revenge veio ao mundo em 2004, retomando a história iniciada no álbum anterior sobre um casal perseguido por vampiros assassinos. Se somados, temos a partir desses dois registros um conjunto de singles e ótimas canções como "Our Lady Of Sorrows", "Headfirst For Halos", "Helena", "You Know What They Do To Guys Like Us In Prison", "I'm Not Okay (I Promise)", " Thank You For The Venom" e "Cemetery Drive", dentre tantos outros sucessos mega conhecidos pelo público vibrante e incansável.

Em 2006, a obsessão por seres sanguinolentos dá lugar à busca pelo sentido da vida e questões existenciais são lançadas na forma de canções em tom de humor negro e sarcasmo. O álbum The Black Parade narra as desventuras de um paciente de câncer até o momento que ele se junta à Black Parade, onde rejeitados e injustiçados marcham em busca da libertação de seus pesares na vida. Este trabalho é muito bem aceito pelo público, mas também denota um lado até então pouco visto na carreira da banda: uma aderência sutil ao lado pop. Esta terceira bolacha da banda conta com os hits "Dead!", "Welcome To The Black Parade", " I Don't Love You", "Cancer", "Teenagers" e "Famous Last Words". Está claro que há mudanças também sutis no modo da banda executar as músicas; a pegada 'suja' dos dois primeiros trabalhos fica em xeque pelos arranjos bem executados do produtor Rob Cavallo, mas The Black Parade não decepciona.

Após o encerramento da fase anterior com o lançamento do dvd The Black Parade Is Dead, quatro anos dividiram em um hiato silencioso tudo o que o MCR construiu em sua curta, porém extensa carreira. Após segredos e especulações, uma amostra do que viria a ser o novo álbum da banda cai no YouTube: o inusitado vídeo da então inédita "Na Na Na (Na Na Na Na Na Na Na Na)". Nele, os membros da banda estão vestidos com estranhos uniformes coloridos portando armas coloridas atravessando um deserto.

- Killjoys, make some noise!

Essa é a ordem que os ouvintes do novo trabalho do MCR recebem ao iniciarem a jornada nada linear de um grupo de rebeldes em busca de justiça. Este novo trabalho é sim, bem conceitual, em controvérsia ao que Mikey Way, baixista, declarou em entrevistas: "Já fizemos três discos conceituais, então, para o próximo… não quero pensar em uma história definida. Escrevemos canções que soam como Rick Springfield, uma semana depois, se transformaram em algo como Children of Bodom. Sei que será um grande disco, só não sei como vai soar. Iremos nos surpreender tanto quanto todo mundo."

Danger Days é um álbum aparte na discografia da banda - não soa tão rock de garagem quanto Bullets ou Three Cheers, nem tão dark quanto The Black Parade. Este álbum fica, realmente, num mundo diferente, numa visão diferenciada que a banda concebeu como alguma reinvenção maluca. Seja como for, a perda de algumas características marcantes da banda são inevitáveis.

O álbum começa com a introdução do DJ Dr. Death Defying que, aliás, se faz presente em outras duas faixas - "Jet-Star and the Kobra Kid/Traffic Report" e "Goodnite, Dr. Death", que apesar de dar um tom narrativo a história dos Killjoys, acaba por soar como um tapa-buracos ao disco, exceto na introdução "Look Alive, Sunshine". A segunda faixa é a conhecida e camaleônica "Na Na Na (Na Na Na Na Na Na Na Na)", uma destoante balada rock'n'roll bem chiclete que se não gruda na mente, vicia em instantes. "Bulletproof Heart" é outra grande composição da banda e só peca por ser extensa e repetitiva da metade para o final.

"Planetary (GO!)" é uma das faixas mais diferentes vindas da banda. A música começa com sirenes intergalácticas e abre para um ritmo dançante e cheio de força que consegue levar a faixa numa batida incansável onde a letra expressa bem essa atmosfera: 'I can't slow down/I won't be waiting for you/Can't stop now/Because I'm dancing'. "The Only Hope For Me Is You" é o já citado segundo single e, se comparada com as faixas anteriores, perde um pouco do costumeiro peso das guitarras e bateria que a banda executa; por isso é uma das faixas que mais flertam com o pop e os refrões fáceis. Em "Party Poison" pseudônimo de Gerard para o personagem de cabelos vermelhos à la Ronald McDonald que ele encarna na história dos Killjoys, a banda volta com um som mais pesado e clima agitado berrando a plenos pulmões: 'Here comes the gang war/You're doin' alright/I got the answer/ 'Cause all the good times/ They give you cancer'.

"S/C/A/R/E/C/R/O/W" é uma canção vencedora: a voz de Gerard reverbera através de um efeito de eco como um rolo compressor cíclico de violão e a percussão navega em um amplo acordo. E ainda que timidamente, a banda se põe em uma situação gloriosa ao final e os deslizes anteriores são perdoados pelo requinte da ótima balada 'Summertime'. Pela primeira vez no disco, os caras têm uma grande sacada fazendo a sábia decisão de preparar o terreno delicado e sutil para então construir um hino triunfante, iluminado e contemporâneo de proporções verdadeiramente belas.

A música que se segue, "DESTROYA", vai causar estranheza na primeira audição, mas logo ressoa como uma façanha por parte da banda - os quase heavy metal riffs, misturados com os gemidos sexy de Gerard, justificam isso e fazem dessa música um achado vicioso. "The Kids From Yesterday", um futuro claro e único para o que podemos esperar da banda, é uma jóia cintilante: a banda atacando as suas angústias assim como os The Killers ou o MGMT o fazem num pop/electro glamuroso. A coisa toda termina com a revolta dos desenhos animados de "Vampire Money", quebrando a festa com um aríete de acordes e um extintor de incêndio para concluir o álbum em uma nota de surpresa e perplexidade.

MCR nunca deixou de desempenhar o papel de entreter, mesmo que com sofisticação, um público que o admira e o respeita por ser original na medida do possível. Eles caminham contra todas as direções seguidas por outras bandas do gênero que acabam por ser estritamente descartáveis. Todo grupo tem seu erro, todo grupo tem seu momento de dúvida sobre como continuar. Com o My Chemical Romance não foi diferente e para os grandes admiradores da banda meia palavra basta; dessa vez, faltou a energia presente nos álbuns anteriores. Espero, como fã deGerard e dos outros, que eles não se esqueçam nunca de quem eles são e que se mantenham afastados das mudanças quase extremas que permearam Danger Days.

Nota: 4,0

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Drums of Death - Generation Hexed (2010)


Bem à la Jack Skellington, a face pintada é o estilo inconfundível do Drums of Death- a.k.a. Colin Bailey. Você não estaria completamente enganado ao pensar que este álbum de estreia é, basicamente, parte da cena witch house. Em marchinhas funestas ou em batidas 8-bit mezzo Hot Chip ou mezzo qualquer outra coisa do gênero,Generation Hexed é mais sobre música pop eletrônica cantarolada do que necessariamente uma espécie de gothwave como Salem ou oOoOO.

O disco é bem bacana e vale a pena dar uma conferida, principalmente pela parte que diz respeito às diferentes sonoridades abordadas - justamente por isso, a bolacha não cai num contexto monótono e fora de linha como tanto se vê na cena eletrônica atual. O disco abre com "Karaoke", introdução onde Bailey explora um quase mantra banhado em sintetizador flutuante. Logo depois temos a impressão de um revival aos Talking Heads numa outra encarnação na faixa "Science & Reason" - algo como um jazzsofisticado com tendências roqueiras dançantes dos anos 80. Ainda assim, o hype só fica completo com o trio "Won't Be Long", "Lonely Days" e "Creak": de cara os melhores momentos do pacote.

Os synths de "Lonely Days" são de causar inveja até mesmo no mais experiente DJ e eu duvido que o ouvinte fique parado ao som futurista desta pancada sonora. "Creak" beira o desespero no seu clima dark arrastado e ambientado ao estilo da trilha sonora de algum filme de terror B - é diversão garantida para quem gosta de música ambiente. A certo momento, as batidinhas 8-bit dão um toque descontraído ao som carregado e esse contraste torna-se bem inventivo.

Bailey afirma que Generation Hexed "é a música pop nos meus termos". Ele tenta sempre descobrir como transformar a música em algo rápido, sujo e acolhedor. O disco conta com uma fórmula cativante: rave intensa como o ácido e melodias e batidas nervosas fincadas entre sintetizadores funky e muitos bleeps. A voz me lembra muito a de James Murphy, apesar de Colin gritar um pouco mais que o gordinho do LCD Soundsystem.

A segunda parte do disco não decepciona mas desacelera sutilmente; mas claro, nada que prejudique a audição desse pedacinho de céu. "All These Plans" é a baladinha para gregos e troianos. Já "Modern Age" é deliciosa para cantar junto ao coro de amigos na danceteria. O disquinho encerra com as firulas de "Voodoo Lovers (feat. Gonzales)" que, como o nome já diz, conta até com participação especial.

Muitos podem até discordar, mas se tratando de estripulias sonoras, o Drums of Deathdá um show a parte e, mesmo não lançando algo para figurar entre os melhores de 2010, dá margens ao que ainda pode-se esperar dele - pois se tratando de habilidade, criatividade e competência, Colin Bailey faz escola em muitos veteranos jurássicos do mundo da música. Para quem sabe aguardar, as expectativas para um próximo trabalho são altas - pelo menos da parte deste que vos fala.

Nota: 8,2


Joe Pug - Messenger (2010)


Joe Pug é um cara popular tentando fazer música honesta. Ele não é um grande experimentador e ele não tenta revolucionar a música. Pug usa o que outros cantores e compositores têm usado desde então: guitarra e violão, gaita e voz. Sua canções podem ser estruturadas ao estilo mais classudo do folk e elas vêm de um coração receptivo e um par de olhos abertos. Tudo parece ser tão normal, tão familiar...

E talvez esse seja o ponto de toda a matéria - Messenger é como um bom amigo ou um dia agradável de sua estação favorita. Ele tem o poder para aquecê-lo, ele está pronto para levá-lo pela mão quando ninguém está assistindo e isso te faz feliz apenas por estar perto. E assim que você internaliza todas as facetas do registro, ele não irá mais deixá-lo. Talvez isso seja um aspecto importante em chamar um álbum intimista.


Messenger não é particularmente triste - faixas como "The Door Was Always Open" tem uma boa movimentação: a instrumentação com tambores bem animados e a melodia do banjo e da gaita soam esperançosos e brincalhões. O mesmo se aplica para a excelente faixa-título, "Messenger", que conta com um som mais forte, evidente também em "Speak Plainly, Diana", que é a "mais difícil" dentre as faixas do registro. Mas ao longo destas faixas há claramente o que pode-se chamar de uma sonoridade não triste, mas nostálgica. "Disguised As Someone Else" ou "Unsophisticated Heart" são a prova viva de que, mesmo sem tanta inovação por parte de Joe Pug, a beleza extrema que a música pode assumir não deixa de ser contagiante - não é preciso ser o hype da contemporaneidade para criar músicas tão fascinantes.

Ao combinar urgência instrumental com melodias melancólicas, Pug conta histórias incrivelmente convincentes como na apaixonada "How Good You Are", que destoa em gaitas cortantes. Eu não tenho medo de dizer que Messenger é um forte candidato para o que há de melhor na lista de 2010. Se Joe canta sobre assuntos políticos, ele faz isso apenas como um bom cantor e compositor deve fazer - com estilo e não apenas por causa da provocação sem sentido. Você não tem que concordar com um bom cantor e compositor, mas você vai ouvir o que ele tem a dizer, pois ele realmente tenta falar com você - ele não precisa gritar isso na sua cara, mas você pode entender a mensagem como melhor lhe convier.

Como os folksingers da idade dele, Pug muitas vezes evita a estrutura verso/refrão e opta por uma narrativa linear, pontuada por um gancho verbal, ou uma ponte, como em "Not So Sure"; apenas violão e sua voz cansada, ele reflete sobre o amor perdido, a religião e a mortalidade. E embora ele não ofereça quaisquer revelações surpreendentes, ele caminha por uma estrada que muitos de nós andaram, polvilhando suas ideias ao longo do caminho.

Pug ilumina e expressa raiva na canção anti-guerra "Bury Me Far (From My Uniform)", uma acusação à inutilidade dos conflitos armados. Joe usa imagens que podem parecer clichê em "weeping mothers, indifferent congressmen, medals, statues, war crimes", mas ele tece todos esses sentimentos com uma trama violenta e canta a música com uma raiva controlada - como a voz de um soldado morto entoando sua bênção ou maldição sobre a vida.


"The First Time I Saw You" é uma referência óbvia a canção de Ewan MacCollchamada "The First Time Ever I Saw Your Face". Ele, Joe, pede a premissa da canção, mas a música é rock um tanto popular e a narrativa de Pug tem um final ambivalente, implicando a perda ao mesmo tempo que comemora o momento relâmpago quando o verdadeiro amor atinge o coração e transforma o mundo com a poesia.

As canções de Pug vagam por questões metafóricas e geograficamente delimitam um mapa emocional e como esses elementos se unem para revelar imagens de beleza impressionante e insights da alma. É como assistir a uma foto analógica sendo revelada e todo o processo que isso abrange, até nadar para fora do banho químico em um quarto escuro e, lentamente, mudar sua forma até o momento em que tudo se torna claro. E o que está claro aqui é que Messenger marca a chegada de um grande compositor.

Nota: 9,2



sexta-feira, 22 de outubro de 2010

The Fresh & Onlys - Play It Strange (2010)


Ao longo de poucos anos, San Francisco tem dado origem a uma nova cena de bandas pop-garagem empurrando o proto punk de 1960 em diferentes direções.  E depois há o Fresh & Onlys, que parece apaixonado pela época em que o rock de garagem e o rock-folk parecem ter se encontrado. Os caras da banda não são revivalistas, exatamente, mas eles são artistas nostálgicos. E na sua exuberante e cuidadosa  orquestração, ouvimos dimensões de qualquer número de momentos pop históricos.
Desde sua formação, há alguns anos, a banda tem mantido um fluxo constante de 7" e cassetes, sendo que Play It Strange é o seu terceiro LP, em tantos anos. Mas neste trabalho,  eles começam a puxar todas as idéias anteriores para um foco mais fácil de digerir. Para a primeira vez, eles deixaram os limites de seu estúdio, e agora eles estão trabalhando com as reais expectativas de uma banda - sem que você tenha que forçar seus ouvidos para ouvi-los.

Mesmo em sua maioria simples, o Fresh & Onlys ainda encontrar espaço de sobra para brincar nas margens de suas canções. "I'm All Shook Up" tem batidas meio New Order ou The Mary Onettes, mas os órgãos e sopros graves e profundos na mistura, adicionam os acentos melódicos para a batida. "Who Needs A Man" é uma corrida pantanosa que termina antes que você perceba, mas as sombras fantasmagóricas da exotica guitarra emana uma vibe surf que consegue manter as coisas inquietas. E depois "Tropical Island Suite" despeja todos os ares de um tempo perdido num abismo de ecos reverberantes para disparar em quase oito minutos de grandeza. Uma linha reta e simplista se dissolve em meio ao ruído abafado para, em seguida, retornar em marcha lenta. É como se a banda não conseguisse decidir qual o caminho para tocar a música, então eles optaram por todos os caminhos.
O cantor Tim Cohen tem uma voz plana, sem afeto, nem de longe tão expressiva como os seus pares com Christopher Owens ou Sonny Smith. Mas esse barítono funciona muito bem no meio da mistura, e é divertido ouvi-lo soar cansado de ser um jogador em "I'm A Theif" ou tentando fugir da sobrecarga de informação sobre a idade na nostálgica "Waterfall". Em "Be My Hooker", a letra não deixa esconder o processo saudosista que impera sobre a banda: "Eu posso ouvir o mar me chamando, mas eu não sei, eu não sei". Eles mantém concisos os temas que abordam, e todo o álbum conclui-se bem antes da marca dos 40 minutos. Que este grupo continue a escavar em vales férteis como tem feito até então, ainda por muito, muito tempo futuro adiante.
Nota: 9,2